Eu cheguei em Paris por volta das cinco da tarde. Depois de doze horas muito ansiosa para pregar os olhos, preocupada com as malas, com o horário, com o ônibus certo, cheguei no apartamento que seria minha casa pelos meus primeiros vinte dias. No ônibus, me esforçava para ver a paisagem pela janela e me esforçava para me emocionar com o suposto sonho que vira realidade. Cansada e aterrorizada com o futuro, não me emocionei. Não sou uma pessoa que se emociona fácil, mas todas as vezes que havia imaginado aquele momento, achava que uma alegria descomunal ia tomar conta de mim. Não tomou. Um ônibus e um taxi depois, encontrei a guardiã da chave a minha espera. Não preciso nem dizer que meu primeiro contato com um parisiense não foi promissor.
Achava que uma pessoa normal – ou pelo menos a pessoa que eu queria ser – não ia gastar mais de dois minutos dentro do apartamento vendo Paris pela janela. Mas eu não quis sair. Exausta, é verdade. Mais de vinte quatro horas acordada, é verdade. Malas pesadas? Igualmente verdade. Mas eu sei, e não sei porque resolvi compartilhar, que era puro medo. Dormi. “só uma meia horinha, para descansar um pouco”. Acordei seis horas depois. Isso mesmo, passei minhas primeiras horas em Paris dormindo. Onze da noite, horário local. Respirei e saí. Sempre respirando. Dei uma volta no quarteirão e retornei para a porta do prédio. Outra volta, porta do prédio. Outro quarteirão percorrido e, de novo, a porta do prédio. Tentando absorver o que dava e me emocionando como podia. Queria ir mais longe, mas tinha medo de me perder. E eu não podia me perder, não na minha primeira noite. Esgotados os arredores, agora já convertidos em lugar seguro, retomei o caminho de volta.
E era isso. Eu ia descobrir Paris. Cada pedaço de Paris. Mas não ia ser com sede. Eu não tenho sede.
E um dia, talvez, eu compreenda que emoção tímida também é emoção.
3 Comments:
Polegar pra cima. So senti falta das maiusculas.
maiúsculas suck, aprendi com o ber.
Eh nada. Ficou mor bacana que so Paris eh maiuscula, mas ainda assim senti falta.
Postar um comentário
<< Home