quarta-feira, junho 23, 2010

das feridas abertas

Em algum momento de fevereiro eu fui no cinema num domingo a noite. Ir no cinema não era um hábito. Sair no domingo a noite em pleno inverno também não. Coloquei meu vestido preto de bolinha e meu casaco também preto para caminhar os quinze minutos que nos separavam do lugar. Eu não estava sozinha. Uma pessoa querida que tinha acabado de entrar na minha vida e agora já deixa saudades estava comigo.
O filme falava do amor, da vida e tudo mais. Lembrei de outra pessoa querida que tinha acabado de sair da minha vida e também deixa saudades. Saudades e feridas. Enquanto via o filme - um bom filme - em companhia agradável, no meu melhor vestido, numa noite fria de domingo, derramei minha primeira e única lágrima por ele.
Durante o caminho de volta eu não abri a boca. Queria fazer o momento durar o máximo possível. Enquanto relembrava mais uma vez o amor recém-perdido, começou a nevar. Bem pouquinho. O suficiente. E foi como num filme: Paris, silêncio, amores antigos e novos, feridas, casaco de lã, reflexões e neve. Tudo isso em uma singela noite de domingo.
Pedi para ficar sozinha uns minutos, do lado de fora do prédio, olhando a neve. Aproveitei o momento enquanto pude, até que os pensamentos do novo e já velho amor na cama quentinha me fizeram subir.

um dia as feridas hão de cicatrizar