quarta-feira, maio 21, 2003


estou com vontade de escrever, simplesmente. escrevi três contos desde que acordei. um deles quem sabe, depois de um monte de vodca, eu coloque aqui.
não fui a aula, de novo.
recuperei um pouco do meu auto-controle e da minha frieza antes tão característica. claro que foi as custas de muitos cigarros, remédios, álcool e decepção.
retorno ao meu papel de observadora entediada, profundamente entediada. no fundo são só bobagens superficiais que me esforço para tornar glamurosas.
eu só quero entender... e por isso mesmo preciso de mais pessoas para que eu possa novamente me ocupar. candidatos para uma sessão de psicologia barata?

Vocês deviam ler Hilda Hilst

"Irmã, sinto-me morto quase sempre. Só o tesão, o brilho, a cintilante, o pó é que me arranca da mesmice"

"Fora do corpo não há salvação"

"Então seguro teus pentelhos e cona, espanco-os, teu grito é fino, duro, um relho, um osso, há destroços pelo quarto, estilhaços daquela igreja, o cara expludiu tudo em cinco minutos (era eu?), gritava fosco: Deus? aqui ó, só sei de Deus quando entro na boca cabeluda da biriba, e logo depois ouviu-se o estrondo, a igreja explodindo feito jaca lá do alto despencando."

Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA,/ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue
Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne , a minha/Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida derramando. Cíclica. Escorrendo
Te descobre vivos sob um jugo novo.